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Parceria entre movimentos de moradia da capital paulista e prefeitura de São Paulo viabilizará obra |
O terreno da antiga garagem de ônibus da CMTC (Companhia
Municipal de Transportes Coletivos), estatal da prefeitura paulistana extinta
na gestão Paulo Maluf, em meados da década de 1990, que fica no final da Rua
Cônego Vicente Miguel Marino, abrigará um conjunto habitacional da Cohab
(Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo).
O projeto será viabilizado por meio do programa Pode Entrar
e em parceria com os movimentos de moradia Associação dos Trabalhadores Sem
Teto das Zonas Oeste e Noroeste e Fórum dos Mutirões de São Paulo, resultando
na construção de 710 apartamentos (310 para a primeira entidade e 400 para a
segunda), distribuídos em quatro torres, duas de 19 andares, uma de 26 e outra
de 16.
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Lideranças de movimento social e contemplados com apartamentos |
A informação foi dada num ato simbólico pela conquista,
realizada dia 17/3/24, no terreno, que contou com as lideranças do Movimento
das Zonas Oeste/Noroeste, pessoas inscritas no "Projeto Bosque", nome
dado por essas lideranças à luta iniciada a cerca de 20 anos e que começou a
sair do papel na gestão Fernando Haddad, quando o terreno foi passado para a Cohab.
"Antes mesmo do boom
imobiliário da Barra Funda, já lutávamos por moradia digna à população de baixa
renda aqui, porque entendemos que todo mundo tem o direito de morar bem, em
áreas com boa infraestrutura, além do que o direito à moradia está previsto na
nossa Constituição (Artigo 6.º) e começamos lá atrás, no início dos anos 2000,
a mapear terrenos públicos na zona oeste, que poderiam ser destinados à HIS –
Habitações de Interesse Social –, e nesse mapeamento, descobrimos esse terreno,
que devido à proximidade com a linha férrea, pertencia à União, mas que era
utilizado pela prefeitura, que durante muitos anos abrigou uma garagem de
ônibus da antiga CMTC”, afirma Donizete Fernandes, coordenador da Associação
dos Trabalhadores Sem Teto das Zonas Oeste e Noroeste, destacando o que foi
feito para viabilizar o futuro conjunto de habitação popular.
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Grupo de moradia ocupou terreno para pressionar poder público e garantir HIS |
“Por conta de todo esse embaraço
em relação ao legítimo dono do terreno, o processo demorou, mas durante a
gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, finalmente ele foi transferido para a prefeitura,
que imediatamente atendeu nossa reivindicação, transferindo-o para a Cohab, a
fim de construir moradias populares. Depois, tiveram que fazer a
descontaminação, já que no subsolo, havia resíduos de óleo combustível, que foi
importante também para toda a população do entorno, porque uma área contaminada
gera impacto ambiental futuro para toda a comunidade e depois tivemos que
esperar a conclusão da obra de drenagem do Córrego Anhanguera, cujo canteiro
funcionou no terreno. Com a parceria assinada com a Cohab, o Projeto Bosque vai
virar realidade”, comemora Donizete.
O líder do movimento de moradia disse ainda que durante esse
período de cerca de dez anos, tiveram que montar acampamento no terreno e que
até hoje é realizado um sistema de vigilância contínua por parte das próprias
famílias que irão morar no empreendimento, por dois motivos: um para pressionar
a prefeitura a cumprir a promessa de construção das habitações de interesse
social e outro para impedir a favelização do local.
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Deputado Federal Alfredinho, coordenador do Grupo de Moradia das Zonas Oeste e Noroeste, Donizete, e líder comunitário Dheison |
"Não somos contra às
favelas, que são compostas em sua imensa maioria por trabalhadores iguais a
nós, mas isso poderia atrasar mais ainda nossa luta por moradia digna às
pessoas e acreditamos que no segundo semestre deste ano ou mais tardar no primeiro
semestre do ano que vem, a obra finalmente comece", conclui.
Durante o ato de celebração da conquista, ao invés da
tradicional pedra fundamental, que sempre simboliza o início de uma obra, foi
colocado no terreno um pedaço de grama sintética com a palavra Bosque. Houve
ainda manifestações dos líderes do grupo e pessoas atendidas pelo Movimento de
Moradia das Zona Oeste e Noroeste, que fica na Rua João de Barro, 76, na Barra
Funda, e que realiza todo primeiro final de semana do mês (sábado e domingo), a
partir das 13 horas, sua reunião mensal, onde também é feito o cadastro de
pessoas interessadas em participar das lutas, cuja única exigência é ser
residente na cidade de São Paulo.
O deputado federal Alfredinho e o seu assessor e líder
comunitário Dheison Silva, também estiveram prestigiando o ato.
(Reportagem e fotos: Francisco Souza / Editção: redação Barra News)
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Lideranças do Movimento de Moradia das Zonas Oeste e Noroeste, Donizete e Branco |
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Pedaço de grama síntetica do Areião serviu como "pedra fundamental" do projeto |
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Terreno fica no final da Rua Cônego Vicente Miguel Marino, no quarteirão entre as ruas Cruzeiro e dos Americano |
Que bom. Há um déficit habitacional enorme na capital. Tudo que for feito ajuda no sentido de trazer moradia digna para mais pessoas
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