Ocupantes de galpão sob viaduto não aceitam acolhimento


68 sem-tetos teriam sido abordados. Cadastro habitacional da prefeitura tem fila de 110 mil famílias
Conforme Barra News noticiou no final da semana passada, uma equipe da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) esteve num dos galpões localizados sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, na altura do número 200 da Avenida Rudge, para cadastrar famílias de sem-teto que ocuparam o local, que até bem pouco tempo era utilizado pela empresa  Monte  Azul,  que  prestava  serviços  à prefeitura  em  função  da  Usina  de  Asfalto  da  Barra  Funda,  recentemente  fechada.
De acordo com nota da Secretaria de Comunicação da prefeitura, o cadastramento foi feito pela equipe do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) Santa Cecília. Teriam sido abordadas 68 pessoas em situação de rua, mas, conforme frisa a nota, nenhuma aceitou acolhimento.
A equipe do SEAS Santa Cecília, ainda de acordo com a informação oficial, “dará continuidade nas abordagens, intensificando as buscas ativas, oferecendo os serviços da rede socioassistencial, assegurando os direitos dos cidadãos”.
O SEAS normalmente realiza um trabalho socioeducativo que consiste na identificação, aproximação, escuta qualificada, orientação e encaminhamento das pessoas em situação de rua para equipamentos da rede socioassistencial do município. No entanto, elas não são obrigadas a aceitar o acolhimento.

110 MIL FAMÍLIAS NA FILA Por sua vez, também de acordo com a nota, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Sé, referência na região, encontra-se à disposição das famílias para acolhimento nos equipamentos da rede socioassistencial e em outros serviços da prefeitura de São Paulo.
No Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, sem-tetos transportam materiais que serão usados no galpão
A oferta para o cadastro habitacional é um procedimento padrão e se coloca à disposição da população. As famílias podem fazer o cadastro nos programas de moradia do município, respeitando a demanda já existente: são 110 mil famílias aguardando atendimento habitacional.
O cadastro pode ser feito pelo site da Cohab, basta preencher a ficha de demanda habitacional: www.cohab.sp.gov.br, link “Faça seu cadastro”, ou presencialmente na Central de Habitação situada na Avenida São João, 299, Centro.

EM BUSCA DE UM TETO Barra News esteve no local  e ouviu apessoas que estão no galpão, que fica mais cheio à noite, quando os ocupantes retornam de suas atividades, basicamente como catadores de papel e latinhas, vendedores de balas e água nos faróis, entre outros trabalhos informais.
São pessoas que vieram da favela do Moinho, de outras de ocupações próximas ou mesmo das ruas. Há crianças, idosos e até gestantes entre elas.
Carrinhos chegam com material para mais barracos no interior do galpão
Os sem-teto que conversaram com a reportagem fizeram questão de frisar que não querem confusão com ninguém e muito menos ocupar o local de forma permanente, mas sim, chamar a atenção para a questão da falta de moradia, dizendo ser melhor ficar ali do que na rua. Afirmam também que não há liderança entre eles, sendo tudo resolvido coletivamente.
Quem passa pela entrada da ocupação informa que se ouve constante barulho de marteladas, por conta da construção de barracos no interior do galpão.

VIZINHANÇA SE MOBILIZA A parte ocupada tem entrada por um portão da Avenida Rudge 200 e fica sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, situado entre os bairros de Barra Funda e Bom Retiro, ligando a Avenida Rudge à Avenida Rio Branco, sobre os trilhos da CPTM, no corredor norte-sul da cidade.
Grupos de WhatsApp, queixas à Subprefeitura Sé e outras formas de mobilização têm unido boa parte dos moradores do entorno. Em abaixo-assinado feito por meio do site Avaaz.org, reivindicam providências da prefeitura, afirmando que foram abertos chamados em órgãos competentes, mas que não tiveram retorno até o momento. Alegando que o local é impróprio para moradia, o texto do abaixo-assinado manifesta ainda preocupação quanto à segurança no local.






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